Reflexão litúrgica: sexta-feira, depois das Cinzas, 16/02/2024

15 de Fevereiro de 2024

"Reflexão litúrgica: sexta-feira, depois das Cinzas, 16/02/2024"

QUAIS SÃO AS PRÁTICAS RELIGIOSAS AGRADÁVEIS A DEUS? 

Na Liturgia desta sexta-feira depois das cinzas, vemos na 1ª Leitura (Is 58,1-9a), que o profeta Isaías reage contra uma religião feita de puro formalismo e explica quais são as práticas religiosas agradáveis a Deus. Nas grandes celebrações, do que Deus sente falta: de ritos ou de justiça social? O culto separado da justiça social não funciona, o pecado é não fazer a vontade de Deus. “A religião pura e sem mancha diante de Deus, nosso Pai, consiste em socorrer os órfãos e viúvas em seu sofrimento e não se deixar corromper pelo mundo” (Tg 1,27). 

Isaías apresenta as condições para ser luz: encontrar Deus no sofrimento e na vida das pessoas, sentir suas aflições, dar de si, acolher. Não basta o cumprimento de ritos estéreis e vazios, é necessário o compromisso concreto, uma opção com políticas públicas e Projetos Políticos de Governo que levem as pessoas a viver com dignidade, pois os pobres devem receber por direito e não por esmola. Nisso está a insistência da Igreja quando diz que “a política é a melhor forma de viver a caridade”. 

No Evangelho (Mt 9,14-15), vemos que o jejum, além de sinal do desejo de conversão, é também sinal de espera. O próprio Jesus, como os discípulos de João jejuou no deserto, assumindo em si a longa espera do ‘esposo’. Chegando este, o jejum não tem mais sentido. Depois da ressurreição retomará seu significado, na medida em que o tempo da Igreja, entre o momento em que lhe tirarão o esposo e o seu retorno, tem ainda uma dimensão de preparação e construção do reino. O jejum torna-se, então, expressão de tristeza pela separação do esposo e privação de sua presença física, meio para ter o coração livre de vaidades que impedem de ser disponível aos apelos de Deus, participação nos sofrimentos dos irmãos, nos quais perdura o sofrimento de Cristo. Quando Ele voltar, será então possível gozar plenamente dos bens criados. O jejum quaresmal tem, assim, essencialmente, uma conotação eclesial: está ligado aos dias que a Igreja na terra dedica à espera e à preparação. 


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá - PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças - Sarandi - PR