Padre Neri relata como foi o 17º Encontro Nacional de Presbíteros

04 de Maio de 2018

Padre Neri relata como foi o 17º Encontro Nacional de Presbíteros

Entre os dias 26 de abril a 02 de maio, no Centro de Eventos Pe. Vitor Coelho de Almeida, em Aparecida – SP, aconteceu o 17º Encontro Nacional de Presbíteros. O tema central foi Presbítero: Discípulo do Senhor e Pastor do Rebanho; o lema: “Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho, pois o Espírito Santo vos constitui como guardiães”. A orientação do encontro foi realizada pelo Pe. Paulo Sérgio Carrara, padre redentorista, mestre e doutor em teologia.

O encontro reuniu 501 padres, vindos das dioceses de todo o Brasil. Representando a Arquidiocese de Maringá, participei* como delegado, pois atualmente sou o coordenador da Pastoral Presbiteral na Arquidiocese.


Três pontos se destacaram nas reflexões realizadas ao longo do encontro:

  • A necessidade de que os presbíteros devem cuidar de si mesmos – Muitas vezes, as necessidades da evangelização, a burocracia que uma igreja possui e as cobranças (seja por parte do povo, do bispo, e do próprio padre consigo mesmo), faz com que o padre pareça um “super-herói”, supondo uma falsa ideia de que não cansa, não precisa de ir ao médico, capaz de suportar tudo o tempo todo. Na realidade, o presbítero ou padre, assim como todas as pessoas, está suscetível ao cansaço, ao stress, ao esgotamento físico, psíquico e espiritual. Assim, a pergunta é: Como poderá o padre cuidar do rebanho, se não cuida de si mesmo? Como cuidar dos outros, se ele mesmo não está bem? O padre deve compreender que para que seu ministério seja e permaneça fecundo no seio da Igreja, faz-se necessário que ele busque constantemente o cuidado de si mesmo. Cuidado esse que implica na busca e integração de todo o ser de sua vida e ministério, olhando e cuidando de sua vida espiritual, pastoral, intelectual, comunitária e humano-afetiva.
  • O presbítero deve ser cada vez mais um homem de Deus – Recordando os ensinamentos do Concílio Vaticano II (1962-1965), mais especificamente no Decreto Presbyterorum Ordinis sobre o ministério e a vida dos sacerdotes, afirmou-se que, “a comunidade tem direito a um presbítero que seja ‘homem de Deus’, alguém que se situa diante de Deus para escutar a sua palavra e penetrar os seus segredos, afinal é a palavra de Deus que ele deve transmitir, não sua própria sabedoria (PO 4). Dessa forma, ‘dos presbíteros, os fiéis esperam somente uma coisa: que sejam especialistas na promoção do encontro com Deus [...] Dele espera-se que seja perito em vida espiritual’ (BENTO XVI, Pensamentos sobre o sacerdócio, 2010, p. 31)” (Texto-base do 17º ENP, p. 96). A oração será sempre o lugar por excelência do ministério do presbítero, sem ela, a vida e o ministério do ministro ordenado desfalece, levando-o a um vazio espiritual e existencial e, consequentemente, a infecundidade do exercício ministerial em sua comunidade.
  • Cuidar do povo como rebanho que pertence a Cristo – A missão que cada padre recebeu no dia da ordenação está intrinsecamente ligada à missão de Cristo. Cristo Jesus é o verdadeiro, único e supremo Bom Pastor. O padre é apenas a representação sacramental do sacerdócio de Jesus Cristo. Isto significa que, não existe presbítero-pastor por si mesmo, independente do Cristo; mas, sim, em total e plena dependência Dele, pois é de Cristo que emana o ministério, a espiritualidade e a missão do padre. O padre, não possui um rebanho por si mesmo; o rebanho é de Cristo. O padre foi constituído por Cristo, na ação do Espírito Santo responsável por guiar, cuidar e conduzir o rebanho que a Cristo pertence. Assim, inspirados nas palavras do apóstolo Pedro: “Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, cuidando dele, não por coação, mas de livre vontade, como Deus o quer, nem por torpe ganância, mas por devoção, nem como senhores daqueles que vos couberam por sorte, mas, antes, como modelo do rebanho” (1Pd 5,2), cada padre, unido a Cristo, deve desempenhar sua missão de pastor na comunidade que lhe foi confiada, sendo ali, presença viva e real de Cristo, o verdadeiro Pastor, que deseja conduzir a todos para as verdes pastagens do Reino de Deus.


Em meio a uma sociedade que, constantemente passa por diversas transformações, que não obstante a Igreja já ousou afirmar, estar passando não por uma época de mudanças, mas sim por uma mudança de época (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2015-2019, n. 19), o padre deve firmar seu propósito de seguir a Cristo e servi-lo como bom pastor em meio aos sofrimentos, angústias, alegrias e conquistas do povo. Revelando com seu testemunho a esse mesmo povo, que Cristo permanece no meio de nós.


Rezemos por todos os presbíteros de nossa Arquidiocese. Que Cristo, o Bom e Amado Pastor, inspire a todos o desejo de permanecer sendo sinais vivos de sua presença, conduzindo com fidelidade, amor e perseverança a todo o rebanho, a um encontro real e profundo com Aquele, o qual a Igreja deseja tornar tudo, em todos (Cl 3,11).



Padre Neri Dione Squisati

Coordenador da Pastoral Presbiteral