Padre Júlio escreve: Diaconado é vocação

10 de Agosto de 2018

Padre Júlio escreve: Diaconado é vocação

A vocação é a experiência que certos homens e mulheres, localizados num tempo e num espaço concretos, fizeram e fazem de uma iniciativa amorosa de Deus. É ele que chama livremente, ultrapassando certos esquemas humanos. Ele chama quem, como e quando quer. Chama porque ama.

Na história bíblica todos os vocacionados e vocacionadas saem do meio do povo e sinalizam aquilo que este deve ser. No fundo, no fundo, todo vocacionado, vocacionada é um sinal de algum aspecto da vida do Deus revelado e encarnado, Jesus Cristo, que na terra, como vocacionado do Pai, teve a missão de apontar o caminho de plenificação da vida humana...

A missão é um dos elementos centrais da vocação. Na Bíblia, quando alguém é chamado por Deus, sempre é chamado para realizar alguma coisa concreta. Por isso, sempre recebe uma missão.

Na Tradição eclesial católica há várias vocações. Uma delas é considerada e ratificada como um dos sete Sacramentos: o Sacramento da Ordem, em sua tríplice dimensão: o diaconado transitório e permanente, o presbiterado e o episcopado.

Por alguns séculos, na Igreja Ocidental, o diaconado permanente ficou esquecido. Graças ao Concílio Vaticano II, vimos restaurado o diaconado permanente...

Muito se tem feito para os vocacionados à vida presbiteral. Há séculos, as Igrejas Particulares estabeleceram centros de formação específica para os estudantes eclesiásticos, os seminários. Há uma preocupação acentuada em formar bem os jovens e adultos que sentem o chamado de Deus para servir a Igreja no ministério presbiteral. É impressionante a logística que a maior parte das Igrejas Particulares monta para ter garantida a vocação e formação daqueles que são designados como colaboradores qualificados dos bispos, os presbíteros!

Financeiramente é um dos gastos maiores de qualquer diocese. Ainda hoje, quando a Sé Apostólica cria uma nova diocese impõe-lhe o dever de, o quanto antes, construir seu seminário para as vocações ao presbiterado.

Quando avaliamos o curto período de quase meio século do diaconado permanente, verificamos a necessidade de uma compreensão maior deste ministério ordenado. Primeiro, é preciso entender que o diaconado expressa e realiza a dimensão mais fundamental dos ministério ordenados.

A Igreja Particular que oficializa esse ministério, entendeu que sua essência está centrada no serviço, à semelhança do Cristo servidor, que não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em favor da vida em abundância para todos. O diaconado é a força motriz para a diaconia da Igreja, sobretudo em sua tarefa de defesa da vida e da dignidade da pessoa humana.

O diácono não é ordenado para si mesmo, nem para ser um ministro extraordinário da Eucaristia mais qualificado, nem um mini padre ou mero “quebra-galho” de padre. Não. O diácono é feito como servidor qualificado na organização da caridade, da evangelização e da ação litúrgica.

O diaconado permanente é uma vocação. Um chamado especial como é o chamado ao presbiterado. Necessita de um cultivo próprio dentro da Pastoral Vocacional de uma Igreja Particular. Assim como a vocação para o presbiterado, assim também a vocação para o diaconado nasce de uma comunidade amadurecida na fé...

Se um homem casado sente-se motivado e chamado por tal vocação, cabe à comunidade eclesial dar-lhe o incentivo e o suporte necessários para o discernimento vocacional, à semelhança daquilo que se faz com as demais vocações.

No Dia do Diácono, 10 de agosto, memória de São Lourenço, diácono mártir do século III, louvamos o Cristo servidor pela presença dos diáconos permanentes em nossa Igreja de Maringá. Obrigado, diáconos, pelo testemunho de entrega e de serviço!


Pe. Júlio Antônio da Silva

Assessor dos diáconos na Arquidiocese de Maringá