11 de Fevereiro de 2019

"Diálogo entre Cristianismo e Islamismo"

Duas das grandes religiões do mundo foram marcadas nos últimos dias por um fato histórico. Em sua viagem aos Emirados Árabes Unidos, o Papa Francisco surpreendeu o mundo, mais uma vez, positivamente. Como ele mesmo disse, trata-se de uma “nova página na história do diálogo entre Cristianismo e Islamismo e no compromisso de promover a paz no mundo a partir da fraternidade humana”.

Foi a primeira vez que um Papa foi à Península Arábica e aconteceu justamente 800 anos depois da visita de São Francisco de Assis ao Sultão al-Malik al-Kamil. Antes Francisco de Assis, agora o Papa Francisco. Vejam como isto é significante, e traça uma nova rota de diálogo entre essas duas grandes religiões. Há muitos lugares em que a guerra religiosa está matando muita gente. Por isso, este acontecimento não é apenas mais um acontecimento diplomático; ele é transformador e provocador de um novo estado de paz.  

Disse o Papa: “muitas vezes pensei em São Francisco durante esta viagem: ele ajudou-me a conservar no coração o Evangelho, o amor de Jesus Cristo, enquanto eu vivia os vários momentos da visita; no meu coração estava o Evangelho de Cristo, a oração ao Pai por todos os seus filhos, especialmente pelos mais pobres, pelas vítimas da injustiça, da guerra, da miséria...; a oração para que o diálogo entre Cristianismo e Islamismo seja um fator decisivo para a paz no mundo de hoje”.

Aqui em Maringá, no dia 22 de fevereiro, também teremos um gesto significativo. Na residência episcopal, vou receber os líderes das religiões que compõem o Grupo de Diálogo Inter-religioso de Maringá. Pela primeira vez, vamos ter, oficialmente, o ingresso do Judaísmo. Os judeus desejaram estar conosco. Um fato que pode ter uma amplitude mundial, pois isso não acontece em outros lugares.

Maringá, pela graça e providência de Deus, terá este dia também histórico. Judeus, cristãos, mulçumanos, indígenas, líderes de religiões de matriz africana, todos juntos, sem crítica, apenas para ouvir, partilhar, sem querer ter razão sobre a fé do outro, sem querer impor ou questionar. Este é o caminho para a paz. Também em nossas famílias. Quando, na família, queremos ter toda a razão, queremos ser o dono ou a dona da verdade, não dá certo. Este é o momento de baixarmos a guarda, o nariz, de prevalecer a humildade. O nosso Deus é o Deus de amor. Ele nos ama e isso basta.

Que possamos ser sementeiras da verdadeira paz. Uma boa semana.


Dom Anuar Battiti