Reflexão litúrgica: terça-feira, 26/03/2024 – Semana Santa

25 de Março de 2024

"Reflexão litúrgica: terça-feira, 26/03/2024 – Semana Santa"

DEUS NOS CHAMA, NOS ESCOLHE E NOS ENVIA COMO TESTEMUNHAS DE SEUS VALORES, DE SEUS PROJETOS E DE SUA SALVAÇÃO 

Na Liturgia desta terça-feira da Semana Santa, veremos, na 1ª Leitura (Is 49,1-6), que, quando os exilados estão para voltar à pátria, o Servo, chamado Israel, expressão ideal do povo eleito (de início, provavelmente, uma pessoa, depois essa pessoa foi tomada como figura coletiva, sendo aplicada a todo o povo pobre e fiel. Os Evangelhos aplicam a Jesus a figura do Servo), é apresentado por Deus como instrumento para revelar sua presença e sua glória na história de Israel. Num primeiro tempo, sua missão se restringe ao povo eleito. Num segundo tempo, será universal e Ele se tornará luz das nações e salvação de Deus até os confins da terra: "Vou fazer de ti a luz das nações para que a minha Salvação chegue até aos confins da terra". 

Hoje, o povo de Deus é este Servo. Deus nos chama, nos escolhe e nos envia como testemunhas de seus valores, de seus projetos e de sua salvação. Algumas pessoas assumem com mais intensidade a missão de dedicar sua vida à salvação do povo. Jesus é o Servidor da humanidade: dá sua vida para resgatar quem vive sob a dominação do mal. 

No Evangelho (Jo 13,21-33.36-38), vemos que as fraquezas e traições também acontecem dentro da própria comunidade dos discípulos: Judas e Pedro. Judas trai por interesses econômicos ou talvez por um nacionalismo fanático, enquanto Pedro simplesmente porque sua fé estava selada num entusiasmo puramente afetivo

Podemos concluir se isso aconteceu com esses discípulos que andaram e participaram presencialmente dos atos de Jesus, quanto mais conosco, poderemos ter fraquezas muito maiores. No contratestemunho dos cristãos está a negação de Jesus, está a traição por muito menos de trinta moedas, com uma diferença: os cristãos sabem quem é Jesus. 

Outro aspecto a considerar, por que foi tão brusca a mudança de comportamento dos discípulos Judas e Pedro? Por que tanta inconsistência? Para entender um pouco do que se passou, talvez, tenhamos que consultar o nosso coração. Muito dentro do nosso coração, há profundos contrastes: somos capazes do melhor e do pior. Se queremos ter em nós a vida divina, triunfar com Cristo, temos de ser constantes e vencer pela penitência o que nos afasta de Deus e nos impede de acompanhar o Senhor até a Cruz. Pedro arrependeu-se, confessou e chorou amargamente, então recebe o perdão, a confiança e a missão de apascentar o rebanho, enquanto Judas na sua autossuficiência, olhou só para si, desesperou-se e pôs um fim trágico a sua existência. 

Nesta Semana Santa somos chamados a viver a experiência da misericórdia, começando por nós mesmos: “Onde foi grande o pecado, bem maior foi a graça a fim de que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5,20-21). 


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR