A SALVAÇÃO É DOM DE DEUS PARA TODOS AQUELES QUE SE ABREM E RESPONDEM A ESSE DOM
Na Liturgia desta segunda-feira da XXIV Semana do Tempo Comum, vemos, na 1ª Leitura (1Cor 11,17-26.33), que no início, a celebração eucarística se fazia depois de uma ceia, onde todos repartiam os alimentos que cada um levava. Em Corinto surge um problema: nas celebrações está havendo divisão de classes sociais e de mentalidades diferentes. Muitos chegam atrasados, provavelmente porque estavam trabalhando, e não encontram mais nada. Resultado: em vez de ser um testemunho de partilha, a celebração está se tornando lugar de ostentação, foco de discriminação e contrastes gritantes. A situação oferece oportunidade para um discernimento: quem é cristão de fato?
O Apóstolo Paulo relembra a instituição da Eucaristia. Ela é a memória permanente da morte de Jesus como dom de vida para todos (corpo e sangue). A Eucaristia é a celebração da Nova Aliança, isto é, da nova humanidade que nasce da participação no ato de Jesus, não só no culto, mas na vida prática. Por isso, a comunidade que celebra a Eucaristia anuncia o futuro de uma reunião de toda a humanidade.
Paulo, também interpela a comunidade a examinar-se: Não será uma incoerência celebrar a Eucaristia quando na própria celebração se fazem distinções e se marginalizam os mais pobres? Ele salientara que, ao participar da Eucaristia, a comunidade forma um só corpo. Se a comunidade não entender isso, celebrará a sua própria condenação, pois desligará a Eucaristia do seu antecedente e de suas consequências práticas: solidariedade e partilha.
No Evangelho (Lc 7,1-10), vemos que a salvação é dom de Deus para todos aqueles que se abrem e respondem a esse dom. Jesus nos mostra que as fronteiras do Reino vão muito além do mundo estreito da pertença a uma origem privilegiada. O importante é a fé na palavra libertadora de Jesus. Mesmo pertencendo ao grupo dos que se consideram salvos, se não houver essa fé, também não haverá possibilidade de entrar no Reino de Deus. O oficial romano, aqui do texto, era ‘temente a Deus’, isto é, simpatizante do judaísmo, embora não pertencesse oficialmente aos seus quadros religiosos. Muitas vezes, pode-se encontrar mais fé e solidariedade em pessoas que não pertencem a uma instituição religiosa do que entre aqueles que dela fazem parte.
O cristão deve fazer a diferença no universo. Não podemos ser indiferentes frente a tantos desafios e injustiças, principalmente, contra os que mais precisam e são os fragilizados da sociedade. Se mantivermos tal mentalidade em nossa Igreja, não precisaremos de inimigos e pouco falaremos ao mundo. Foi vendo a falta de testemunho de algumas dessas pessoas que Mahatma Gandhi dizia: “Amo o Cristo, mas não admiro o modo como vivem os cristãos.”
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá-PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi-PR




