Reflexão litúrgica: Terça-feira, 08/10/2024, XXVII Semana do Tempo Comum

07 de Outubro de 2024

"Reflexão litúrgica: Terça-feira, 08/10/2024, XXVII Semana do Tempo Comum"

A SALVAÇÃO É DOM DE DEUS 

Na Liturgia desta terça-feira, XXVII Semana do Tempo Comum, vemos na 1ª Leitura (Gl 1,13-24), que o Apóstolo Paulo se defende de acusações recebidas e enfatiza seu próprio testemunho de vida, com isso quer reafirmar a ação da graça de Deus revelada em Jesus Cristo. A salvação por Ele trazida estende-se a todos os povos, sem discriminação e todos podem ter acesso pela fé. A salvação é dom de Deus. 

No Evangelho (Lc 10,38-42), vemos que Jesus está na casa de Marta e Maria: duas mulheres, duas atitudes, uma acolhe e outra escuta, são duas atitudes complementares de ação (Marta) e contemplação (Maria); acolhida e escuta são duas atitudes fundamentais na vida cristã. 

Jesus nos ensinou a buscar o Reino de Deus em primeiro lugar, este pode se manifestar na contemplação: ouvir e colocar em prática; mas também na ação: santificar a família, o trabalho e o mundo. O ‘altar’ do leigo são as realidades temporais, ali ele deve fazer o Reino acontecer. 

Neste Evangelho, vemos que Jesus e Marta querem reconhecimento: Onde? Pela Palavra, na Santa Missa, nas pastorais e nas demais ações da Igreja, pois ali as pessoas estarão frente a frente, não viverão no anonimato, na solidão; as pessoas sentirão a proximidade, o afeto, a ternura. Mais do que providenciar coisas práticas, ali deverá ocorrer o relacionamento solidário e cada pessoa será um dom para o outro. “O ativismo, mesmo a serviço dos outros, corre o perigo de ser um serviço a si mesmo: autoafirmação à custa de quem é ‘objeto’ de nossa caridade. A superação do ativismo consiste em ver o mistério de Deus nas pessoas, assim como Maria o enxergou em Jesus, o porta-voz de Deus, o portador das palavras de vida eterna” (Pe. Johan Konings). Jesus não censurou Marta porque cuidava da cozinha, mas porque quer tirar Maria do ‘escutar’ para fazê-la se igualar a suas preocupações, servindo a si própria. Aqui podemos colocar a seguinte questão: Devemos alimentar o Senhor somente com nosso ativismo ou ser por ele alimentados? Quando participamos da Eucaristia, somos todos hóspedes e o Senhor nos oferece a melhor parte: Palavra e Pão: “Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”. 

Mas temos que ter em conta, também, que, na sua pregação, Jesus ensina a apreciar o trabalho. Ele descreve a Sua própria missão como um trabalhar: “Meu Pai trabalha até agora e eu também trabalho” (Jo 5,17). Jesus ensina aos homens a não se deixarem escravizar pelo trabalho. Eles devem preocupar-se, antes de tudo, com a sua alma; ganhar o mundo inteiro não é o escopo de sua vida (Mc 8,36). Em Seu ministério, Jesus trabalha incansavelmente, realizando obras potentes para libertar o homem da doença, do sofrimento e da morte. Quando o ser humano fica preocupado e agitado por muitas coisas, corre o risco de negligenciar o Reino de Deus e sua justiça. O trabalho representa uma dimensão fundamental da existência humana, como participação na obra não só da criação, mas também da redenção. O trabalho pode ser considerado como um meio de santificação e uma animação das realidades terrenas no Espírito de Cristo. Mediante o trabalho, o homem governa, com Deus, o mundo, suscita aquelas energias sociais e comunitárias que alimentam o bem comum, a favor, sobretudo, dos mais necessitados, portanto, o trabalho não é só para uma grandeza de si mesmo, mas para o bem comum e a salvação de todos (Mt 25,35-36). 


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá-PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi-PR