DEUS NOS CHAMA A AMAR SINCERA E CONCRETAMENTE, NÃO IMPOR AOS OUTROS FARDOS QUE NÃO TOLERAMOS
Na Liturgia desta quarta-feira, XXVIII Semana do Tempo Comum, na 1ª Leitura (Gl 5,18-25), o Apóstolo Paulo certamente não pretende fazer uma lista completa dos vícios da pessoa egoísta. Os que são enumerados aqui podem ser divididos em quatro categorias: a impureza, que perverte o amor humano; a idolatria e a feitiçaria, que pervertem a relação com Deus, único absoluto; as divisões, que pervertem as relações sociais; os excessos da mesa, que revelam a perda da dignidade humana.
Os cristãos são chamados a viver de acordo com Jesus Cristo, isto é, deixando-se guiar pelo Espírito de Cristo, vivendo o amor. Como no caso dos vícios, aqui também não há pretensão de fazer uma lista completa das virtudes. O que Paulo enumera são as condições em que nasce e se desenvolve o amor (fé, mansidão, domínio de si), os sinais da presença do amor (alegria e paz) e as manifestações ativas do amor (paciência, bondade, benevolência).
No Evangelho (Lc 11,42-46), o Evangelista Lucas, neste trecho, nos fala das três maldições de Cristo contra os fariseus e escribas:
- A primeira maldição refere-se ao formalismo dos fariseus que discutem sem fim preceitos ínfimos, mas esquecem os mandamentos essenciais: “Ai de vocês, fariseus, porque dão a Deus o dízimo da hortelã, da arruda e de toda a sorte de hortaliças, mas desprezam a justiça e o amor de Deus! Vocês deviam praticar estas coisas, sem deixar de fazer aquelas” (v.42);
- A segunda maldição é contra as autoridades religiosas que preferem as honras ao serviço: "Ai de vocês, fariseus, porque amam os lugares de honra nas sinagogas e as saudações em público!” (v.43);
- A terceira maldição afirma que estas pessoas são tão acostumadas nos vícios que a simples aproximação delas faz contrair a mesma impureza que se contrai ao contato de um túmulo: "Ai de vocês, porque são como túmulos que não são vistos, e que as pessoas pisam e andam sem o saber!" (v.44).
No embate de Jesus com os doutores da lei, Jesus acusa-os de haverem de tal modo agravado a lei que torna intolerável a vida religiosa: “Um dos peritos na lei lhe respondeu: "- Mestre, quando dizes essas coisas, insultas também a nós. Disse Jesus: - Ai de vocês também, porque sobrecarregam os homens com fardos que dificilmente eles podem carregar, e vocês mesmos não levantam nem um dedo para ajudá-los” (v.45-46).
Concluo esta reflexão afirmando que é preciso preocupar-se com amar sincera e concretamente, não impor aos outros fardos que não toleramos, ser autênticos e simples, abertos ao influxo do Espírito Santo, numa disponibilidade a toda prova, profundamente unidos na comunhão eclesial, nos fazendo semelhantes a Cristo que era ‘manso e humilde de coração’: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mt 11,28-30).
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá-PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi-PR




