Reflexão litúrgica: Sexta-feira, 25/10/2024, Memória de Santo Antônio de Sant'Ana Galvão, religioso, XXIX Semana do Tempo Comum

24 de Outubro de 2024

"Reflexão litúrgica: Sexta-feira, 25/10/2024, Memória de Santo Antônio de Sant'Ana Galvão, religioso, XXIX Semana do Tempo Comum"

A RALIDADE É FONTE TEOLÓGICA: LER DEUS NA VIDA PARA COMPREENDER A BÍBLIA 

Na Liturgia desta sexta-feira, XXIX Semana do Tempo Comum, na 1ª Leitura (Ef 4,1-6), o Apóstolo Paulo afirma que o aspecto central da vida cristã é a unidade. Com efeito, a ação de Deus em Jesus Cristo unifica toda a realidade. Os cristãos devem ser exemplo vivo dessa unidade, que supera as divisões humanas. 

No Evangelho (Lc 12,54-59), vemos que assim como os seres humanos podem prever o tempo a partir dos sinais da natureza, também é possível reconhecer na atividade de Jesus a manifestação do Reino de Deus. Essa tarefa empenhativa e urgente implica uma decisão a favor ou contra o Reino. É preciso agir enquanto é tempo, pois Deus nos fala também pelos acontecimentos cotidianos.  

Como podemos discernir os sinais dos tempos que Deus nos envia?  

Para esse discernimento precisamos de boa vontade. Se falta a boa vontade, se a vontade não se orienta para Deus, a inteligência encontra muitas dificuldades no caminho da fé, da obediência ou da entrega ao Senhor. O Papa Pio XII dizia: “O homem, levado pelos seus preconceitos ou instigado pelas suas paixões e má vontade, não só pode negar a evidência dos sinais externos, mas até resistir e rejeitar também as superiores inspirações que Deus infunde na alma” (Humani Generis).  

Santo Agostinho também relata essa má vontade em determinado momento de sua vida: “Estava totalmente vazio de tudo o que fosse espiritual, e sentia-me sem apetite algum pelos alimentos incorruptíveis; não por estar saciado, evidentemente, mas porque, quanto mais vazio, menos desejava o amor verdadeiro” (Confissões, 3,1,1). 

Para acolher os sinais de Deus necessitamos também de muita humildade: “Não pretender reduzir a grandeza de Deus aos nossos pobres conceitos, às nossas explicações humanas, mas compreender que esse mistério, na sua obscuridade, é uma luz que guia a vida dos homens. Assim, com esse acatamento saberemos compreender e amar; e o mistério será para nós um esplêndido ensinamento, mais convincente que qualquer raciocínio humano” (Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, 12).  

O Concílio Vaticano II disse claramente que “é dever permanente da Igreja examinar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho, de forma a poder responder, de modo adaptado a cada geração, às permanentes indagações dos homens sobre o sentido da vida presente e futura e sobre suas mútuas relações” (GS, 4). O Papa João XXIII, na encíclica Pacem in terris, havia considerado sinais dos tempos alguns valores evangélicos que estimulam internamente o atual desenvolvimento histórico: a ascensão das classes trabalhadoras, o reconhecimento do papel da mulher na vida pública, a emancipação dos povos outrora e sempre colonizados.... Assim a existência concreta e histórica do homem torna-se fonte teológica, com a condição de discernir, no conjunto dos fatos, a direção para a qual eles convergem.  


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá-PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi-PR