Jesus convida a imitar o gesto do Pai Misericordioso
Na Liturgia desta quinta-feira, 31ª Semana do Tempo Comum, vemos na 1ª Leitura (Fl 3,3-8a), um eco da polêmica do apóstolo contra certos cristãos de procedência hebraica, que pretendiam dos neoconvertidos do paganismo a observância da lei mosaica e outras práticas. Paulo, no plano do judaísmo, tinha títulos para ostentar, mas em face de Cristo e de sua salvação, tudo isso lhe parecera lixo para atirar fora. O verdadeiro povo eleito agora era o povo cristão, que oferecia a Deus um digno serviço, graças à ajuda do Espírito Santo.
Também nós, às vezes, cedemos à tentação de montar diante de Deus o mesmo aparato cênico que usamos para impressionar as pessoas. Para obter consideração, fazer carreira ou evitar reprovação, exibimos títulos e privilégios. Cultivamos uma série de proteções que podem funcionar num momento oportuno. Mas não se pode transferir o mesmo esquema para as relações com Deus, pois o conhecimento de Cristo é a única coisa que conta. E não é um privilégio, mas um relacionamento de fé, uma atitude de confiança.
Vemos no Evangelho (Lc 15,1-10), que o amor do Pai é o fundamento da atitude de Jesus diante das pessoas. Respondendo à crítica daqueles que se consideravam justos, cheios de méritos, e se escandalizavam da solidariedade para com os pecadores, Jesus narra essas parábolas que mostram a atitude de Deus em Jesus, questionando a hipocrisia das pessoas cheias de si e autossuficientes.
Na parábola da ovelha perdida Jesus não quer dizer que Deus prefere o pecador ao justo, ou que os justos sejam hipócritas. Ela ressalta o mistério do amor do Pai que se alegra em acolher o pecador arrependido ao lado do justo que persevera.
Se na parábola anterior Deus foi apresentado na figura de um pastor, aqui ele aparece na imagem de uma mulher pobre. A alegria compartilhada com as vizinhas, devido à possibilidade aumentada de construir a sobrevivência cotidiana, faz repensar as imagens convencionais sobre Deus e sua forma de considerar os conflitos vividos na sociedade.
Enfim, as parábolas da ovelha e da moeda falam simplesmente de uma perda e de um reencontro. Seu tema exclusivo é, pois, o amor misericordioso de Deus, um Deus que em sua bondade vai à procura do pecador.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá-PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi-PR




