Reflexão litúrgica: terça-feira, 19/11/2024, Memória dos Santos Roque Gonzáles, Afonso Rodriguez e João de Castillo, presbíteros e mártires, XXXIII Semana do Tempo Comum

18 de Novembro de 2024

"Reflexão litúrgica: terça-feira, 19/11/2024, Memória dos Santos Roque Gonzáles, Afonso Rodriguez e João de Castillo, presbíteros e mártires, XXXIII Semana do Tempo Comum"

AS GRANDES MISÉRIAS MATERIAIS SÃO FRUTO DAS GRANDES INJUSTIÇAS SOCIAIS 

Na Liturgia desta terça-feira, 33ª Semana do Tempo Comum, veremos na 1ª Leitura (Ap 3, 1-6.14-22), que aceitar um apelo à conversão pressupõe a convicção de estar no caminho certo. Converter-se quer dizer mover-se, dar o primeiro passo; ver claro o que a Palavra de Deus nos exige. Converter-se não é um ato, é um estado de ser. Exige constante revisão de vida, é isso que este texto foca: apelo de vigilância e arrependimento aos líderes e a toda a comunidade frente a proposta dos ensinamentos bíblicos. 

O Evangelho (Lc 19,1-10), Jesus visita Zaqueu, um homem rico, chefe dos publicanos (aduaneiros que cobravam impostos), isto é, dos que extorquiam os outros, roubavam. Nesta condição, seria muito difícil entrar no reino de Deus, mas Zaqueu procura e aceita o encontro com Jesus, arrepende-se de ter defraudado o próximo (causa de tanta miséria), liberta-se da riqueza iníqua e pensa nos pobres. Pode, portanto, ser discípulo de Jesus, obter a salvação e, mediante sua fé, ter parte com Abraão.  

Vemos, neste episódio, que a conversão não é só mudança de mentalidade, mas deve também ser acompanhada de gestos concretos: “Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais”. Este encontro com Jesus foi um marco importante na vida de Zaqueu: “Hoje a salvação entrou nesta casa”.  

Zaqueu, agora, não é mais identificado com o seu pecado, Deus se revelou maior que o pecado. A questão que fica é esta: fazer a experiência com Deus e partilhar da eucaristia e não partilhar com os que precisam é correto? Cada verdadeira conversão individual, tanto de um rico como de um pobre, deveria mexer com as estruturas do mal e tornar o reino de Deus mais próximo. O papel da comunidade é provocar o encontro dos pecadores com Jesus; certamente, Deus derramará o seu amor infinito que transforma as pessoas, pois Deus não muda, continua procurando o que está perdido. Zaqueu é o exemplo para qualquer rico que deseja alcançar a salvação, ele assume diante de Jesus uma radical mudança de vida: reconhece as fraudes que cometeu para se tornar rico e trata de saná-las, comprometendo-se a dividir seus bens com os pobres. Zaqueu entende que toda riqueza só é legítima, quando for fruto do trabalho; então, vê que as grandes misérias materiais são fruto das grandes injustiças sociais.  

Zaqueu, agora nova criatura em Cristo, passa a lutar por um mundo mais humano e mais justo para todos.  


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 

 

Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá-PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi-PR