Reflexão litúrgica: quarta-feira, 22/01/2025, II Semana do Tempo Comum

21 de Janeiro de 2025

"Reflexão litúrgica: quarta-feira, 22/01/2025, II Semana do Tempo Comum"

DEUS SEMPRE ASSEGURA A VITÓRIA PARA AQUELES QUE SÃO HUMILDES E LUTAM PELA DIGNIDADE HUMANA, PELAS CAUSAS JUSTAS E PELO BEM COMUM 

Na Liturgia desta quarta-feira, 2ª Semana do Tempo Comum, na 1ª Leitura (Hb 7,1-3.15-17), vemos que na Bíblia, as grandes personagens são sempre mostradas com sua origem e genealogia. De Melquisedec, porém, não se fala nada a respeito de seus pais ou de seus descendentes. O autor serve-se disso para comparar Melquisedec, com Cristo, o Filho de Deus. E vai mais adiante: Melquisedec não pertence a nenhuma família sacerdotal, mas oferece sacrifícios e recebe dízimos do grande patriarca Abraão. Isso leva a seguinte conclusão: Melquisedec é sacerdote, mas de modo muito maior que os sacerdotes judeus: não está ligado à classe sacerdotal dos descendentes de Levi, nem à descendência de Abraão. Por isso, seu sacerdócio é muito mais amplo. É universal. 

Outro ponto para a explanação é o Salmo 109,4: Jesus, sacerdote segundo a ordem de Melquisedec. Ora, a peculiaridade desse rei-sacerdote (rei de justiça) e o modo ideal e misterioso com que aparece na Bíblia (Gn 14,18-20) tornam-no perfeitamente semelhante ao Filho de Deus, que recebendo o sacerdócio de sua própria pessoa divina, não o herda por descendência carnal, mas o possui desde toda a eternidade.  

Cristo, sumo e eterno sacerdote, possui um sacerdócio que, como o de Melquisedec, não se transmite; sacerdócio que ele exercerá em sua Igreja até o fim dos tempos. Os sacerdotes atuais, a começar pelos bispos, não são seus sucessores, porém aqueles que atualizam e tornam visível e eficaz hoje o único sacerdócio de Cristo. 

Além disso, ao mesmo tempo que permanece intransmissível, o sacerdócio de Cristo é participado por todo o povo de Deus, por toda a Igreja, porque toda Igreja é o corpo de Cristo. Assim fica cumprida a promessa que Deus fez a Moisés para todo o povo no monte Sinai: “Se ouvires atentamente a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade especial entre todos os povos.... constituireis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Ex 19,5-6).  

O Batismo é o sinal de pertença a este povo privilegiado. Um cristão deve, portanto, esforçar-se para aprofundar o sentido da vida batismal mediante o estudo e atenção à palavra de Deus acompanhados de uma participação cada vez mais plena da vida sacramental da Igreja.  

No Evangelho (Mc 3,1-6), vemos que, Jesus recorre às Escrituras e a um entendimento do sentido do sábado para mostrar que, diante das necessidades essenciais das pessoas, tudo se torna secundário. A vida humana está acima de qualquer lei ou estrutura. Jesus reage com indignação e tristeza diante dos que resistem ao seu ensinamento e a sua prática, então mostra até onde vai sua exigência de que a lei do sábado esteja a serviço da vida. Mais ainda: ao trazer o doente para o centro e curá-lo, indica mais uma vez sua opção pelos desprezados, e a reviravolta que produz diante dos esquemas mentais e sociais que diziam como a religião e demais instituições deveriam agir. Diante disso, os grupos dominantes precisam destruir essa novidade que os ameaça em seu poder e decretam uma sentença de morte; até os partidos que eram inimigos entre si reúnem-se para planejar a morte desse profeta: afinal, ele está destruindo a ideia de religião e sociedade que eles tinham. 

Hoje, nós cristãos, celebramos o Dia do Senhor num domingo, porque foi num domingo que Cristo venceu todas as forças do mal e ressuscitou. 


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá-PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi-PR